Com o olhar de Jesus, bem gostaria de ver nos cursilhistas de hoje as sementes de beleza e o sabor da existência. Porém, como dizia Paul Claudel: “O Evangelho é sal, mas vós tornaste-lo açúcar”. O Evangelho parece já não queimar os lábios e o coração de muitos. Embalados no tempo, muitos ou alguns de nós, vivemos “um cristianismo sem Cristo, uma religião sem fé, um culto sem celebração, uma fé sem paladar, tépida e cinzenta, esquecida e escondida”.
Paremos um pouco. Acabou de sair a Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma deste ano, cujo lema é: “A Palavra é um dom. O outro é um dom”. E chama a atenção de todos: “A Quaresma é um tempo propício para abrir a porta a cada necessitado e nele reconhecer o rosto de Cristo. Cada um de nós encontra-o no próprio caminho”.
Na vida “Vós sois o sal da terra”, avisava Jesus no passado domingo. Em Cristo, somos sal, com e para o outro. O sal, em si mesmo, é tão pequenino, tão frágil e até por vezes muito insignificante. É o “sal” da humildade e da simplicidade. Todavia, qual sal em Cristo, seremos capazes de transformar e dar sabor à vida. Assim, se, em Cristo, somos este sal, então estaremos sempre “dispostos a desaparecer, não porque somos inúteis, mas para purificar, preservar, curar e encontrar-se apenas no outro”. Assim, quero crer, que somos “sal” e não “açúcar”.
Janeiro 2017
P. José Baptista